De acordo com a Organização Mundial da Saúde, "a sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. Sexualidade é muito mais do que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações, portanto, a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deve ser considerada como direito humano básico. A saúde sexual é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor".

terça-feira, 16 de março de 2010

Diminuição do desejo sexual masculino.


Matéria publicada no portal Terra/Cena G:

O desejo é o impulso que move o ser humano no encontro afetivo e sexual. O desejo pode ser “acionado” por estímulos externos, recebidos pelos cinco sentidos, e também pelos estímulos internos, como sonhos e fantasias.

Uma pesquisa feita pela Equipe de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, indica que 8,2% dos brasileiros sofrem com a falta de libido e esse quadro tende a se agravar acima dos 50 anos com o climatério e a menopausa.

A Organização Mundial de Saúde considera que a ausência de interesse sexual por mais de seis meses é classificada como Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo.

Vários fatores estão relacionados com o problema, confiram alguns:

- Estresse: é difícil conciliar casa, filhos, trabalho, relacionamento amoroso, vida social, entre outras atividades. Ao final do dia eles podem apresentar muito cansaço e isso reflete na vida sexual.

- Hormônios: tireóide desregulada e outros descontroles dos hormônios também podem causar um declínio no desejo do homem.

- Medicamentos: o uso de drogas que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos e ansiolíticos, afetam a disposição para o sexo.

- Psicológico e relacionamentos: Experiências traumáticas, questões culturais ou origem religiosa formam conceitos rígidos a respeito da sexualidade, e isso pode levar ao bloqueio sexual.

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Vale destacar que observo em minha clínica um aspecto de extrema relevância sobre esse tema não citado na matéria - Os papéis masculinos e feminino vêm sofrendo transformações na contemporaneidade que desestabilizam as questões de gênero. A mulher assumiu uma postura ativa não só no universo do trabalho, como também na forma de se relacionar com sua sexualidade. Essa autonomia do desejo, aumentando o contato com seu corpo, potencializa a busca pela qualidade da relação sexual. Hoje as mulheres investem na procura pelo sexo, iniciam o contato sexual e confrontam a supremacia masculina no que tange às condutas sexuais. Essas mudanças são percebidas por alguns homens como desestabilizadoras, acarretando no comprometimento do seu desejo sexual. Inseguros, esses homens encontram-se perdidos em seus papéis, e com medo de falhar na cama. Tais desajustes podem culminar tanto em ansiedade de desempenho como em diminuição do desejo sexual no universo masculino.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sexo Casual - O que as mulheres querem?


Atualmente tenho ouvido muito sobre sexo casual no universo feminino. Aqui refiro sexo casual ao sexo sem vinculação afetiva com o perceiro ou perceira. Lógico que esse comportamento sempre foi identificado como pertencente ao mundo dos homens, e percebido como algo inerente à condição do masculino. Mas e as mulheres? Como isso tem acontecido? O que elas buscam numa relação eventual? Será que ainda esperam pelo telefonema no dia seguinte?
Algumas levantam a bandeira do sexo puramente pelo prazer, outras questionam a autenticidade da despreocupação com a ausência de envolvimento afetivo embutido no discurso feminino.
Nem tanto nem tampouco!
Ainda vivemos numa sociedade machista que rotula o comportamento sexual feminino quando sai da vertente sexo x afeto. A impregnação deste estereótipo também é identificada nos diálogos entre as próprias mulheres. Assumir e gozar sua sexualidade livre da moralidade sexual creio ser um passo que ainda não demos.

A entrada da pílula nos anos 60 permitiu que as mulheres fizessem sexo sem engravidar, dentro ou fora do casamento, mas as regras do jogo continuaram a ser ditadas pelos homens. Maternidade e sexualidade foram separadas, tendo as mulheres o direito de expressar seu desejo sexual. Mais autônomas, porém nem tão livre dos aspectos moralizantres impregnados na sociedade, as mulheres passaram a ter um contato mais ampliado com sua sexualidade e uma maior liberdade em tratar publicamente sobre o tema.

Quem é essa mulher hoje que assume o desejo pelo sexo pelo prazer apenas? Qual o preço que se paga pela autonomização de seu desejo?

Temos muito o que pensar ainda a esse respeito! Mas de qualquer forma fico na torcida pela autenticidade dessa bandeira levantada por parcela desse público feminino. Temos o direito de viver a sexualidade com uma maior liberdade de escolha e não pagarmos o preço árduo da estigmatização.

Que as novas gerações femininas assumam a liberdade sexual com a simplicidade que deve ser encarada!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Quando procurar terapia sexual?


A terapia sexual é um conjunto de recursos terapêuticos sistematizados a partir de diferentes abordagens psicoterápicas (comportamentais, cognitivistas, corporais e outras) que apresenta uma estrutura baseada nos princípios básicos da terapia breve/focal, por considerar como objetivo primário o tratamento de um sintoma de ordem sexual - disfunção ou a inadequação sexual. A terapia breve enfatiza o foco e os objetivos.


A tarefa central da terapia sexual é identificar a presença do padrão desaptativo e proporcionar percepção profunda da dinâmica da situação, bem como orientação específica sobre meio de superar o problema.

A procura pela terapia sexual é indicada quando o indivíduo percebe que seu funcionamento sexual encontra-se comprometido por algum fator inibidor do pleno exercício de sua sexualidade. O principal questionamento engloba pensar como você se sente em relação à sua sexualidade.

Uma educação repressora, mitos e crenças populares sobre sexo x sexualidade, podem influenciar em como você lida com tais questões, acarretando um comprometimento na sua resposta sexual.

Não existe certo tampouco errado na conduta sexual desde que o casal esteja de acordo com o estão dispostos a vivenciar. Muito se fala sobre frequência, tempo da relação sexual, posições, prelimirares, etiqueta sexual, porém fundamentalmente quem deve decidir o que quer que seja feito na cama é o casal naquele momento. O que vai direcionar para um bom desempenho sexual, cercado de sensações prazerosas e intimidade, é a parceria que se estabelece naquele momento do ato sexual. Não devemos esquecer que a comunicação franca possibilita ajustes na hora H que podem trazer mitos ganhos em relação à obtenção de prazer.

Como anda sua sexualidade?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sexo e saúde cardiovascular

Reportagem publicada no site boasaude.uol:


Homens que fazem sexo com menos frequência apresentam maior risco de doença cardiovascular, segundo estudo publicado este mês no American Journal of Cardiology. Acompanhando, por 16 anos, mais de mil homens com média de idade de 50 anos e sem histórico de doença cardiovascular no início do estudo, pesquisadores americanos descobriram que, comparados àqueles que disseram fazer sexo de duas a três vezes por semana, os voluntários que tinham relações sexuais apenas uma vez por mês ou menos tinham 45% maior risco de doença cardiovascular no período.

De acordo com os autores, esses resultados ocorriam também considerando fatores como idade e disfunção erétil – no princípio da pesquisa, 213 participantes apresentavam a impotência sexual. “Nossos resultados sugerem que uma baixa frequência de atividade sexual prediz (doença cardiovascular) independentemente de disfunção erétil, e que a triagem para atividade sexual pode ser clinicamente útil”, ressaltaram os autores na publicação.

Os pesquisadores avaliaram também o papel do desejo sexual e a capacidade para atividade sexual como possíveis fatores de risco cardíaco. E observaram que “homens que são sexualmente ativos provavelmente têm libido e capacidade para atividades físicas; então, a capacidade de fazer sexo poderia ser um marcador de saúde geral”. Além disso, a pesquisadora Susan Hall destaca que aqueles com atividade sexual regular têm maior probabilidade de estar em um relacionamento íntimo com um parceiro regular, o que poderia melhorar a saúde através do apoio social e da redução do estresse.
Baseados nos resultados, os especialistas apontam que os médicos podem ter pistas sobre a condição cardiovascular de um paciente perguntando a ele questões sobre sua vida sexual. “A mensagem para os homens é que a saúde sexual pode predizer a saúde cardiovascular, e os homens devem se consultar com seu médico se experimentarem disfunção erétil ou dificuldades sexuais”, concluiu a especialista.

Fonte: American Journal of Cardiology. 15 de janeiro de 2010.

sábado, 15 de agosto de 2009

Pesquisadores americanos desenvolvem camisinha feminina em gel

da BBC Brasil

Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma 'camisinha molecular' para mulheres em forma de gel para proteger contra a infecção pelo vírus HIV, causador da Aids.
Segundo os cientistas que participam do projeto, a camisinha em gel seria aplicada na vagina antes da relação sexual.
Ao entrar em contato com o esperma, o gel liberaria uma substância antiviral que atacaria o HIV e formaria uma rede que impediria a passagem do vírus.
Em um estudo publicado na revista científica "Advanced Functional Materials", os cientistas testaram o material em células vaginais humanas e comprovaram que ele bloqueia a passagem das partículas de HIV.
A equipe de pesquisadores vem trabalhando no desenvolvimento da camisinha feminina em gel há vários anos.
Segundo Patrick Kiser, que coordena a pesquisa, o gel seria particularmente útil para os países africanos, onde o uso de preservativos tradicionais é relativamente baixo.
Primeira versão
A equipe de pesquisadores havia desenvolvido em 2006 uma primeira versão do gel, que se transformava em uma capa gelatinosa ao entrar em contato com a pele e voltava ao estado líquido ao entrar em contato com o sêmen.
Porém o maior problema que encontraram para essa primeira versão era que na África, continente onde estão os países com os maiores índices de contaminação pelo HIV, as altas temperaturas impediam que o gel voltasse ao estado líquido.
Para corrigir isso, o que eles fizeram foi gerar um processo exatamente oposto: por meio de mudanças na composição química relacionadas ao Ph (o índice de acidez ou alcalinidade) do esperma, o novo gel fica mais sólido em vez de mais líquido.
"Nossa pesquisa não põe ênfase no remédio, mas sim no veículo usado para transportá-lo", afirma Kiser.
A equipe de cientistas estima que ainda serão necessários vários anos de testes para que o produto possa estar disponível para uso generalizado.
Tendência
O projeto da Universidade de Utah faz parte de uma tendência internacional de investigar e desenvolver sistemas de liberação de substâncias microbicidas como géis, anéis, esponjas e cremes para prevenir infecções pelo vírus da Aids ou por outras doenças sexualmente transmissíveis.
Esses sistemas são vistos como uma forma de que as mulheres tenham um maior poder de se proteger a si mesmas do HIV, particularmente em regiões onde o índice de contaminação seja alto, onde haja um grande número de estupros, onde os preservativos tradicionais sejam um tabu ou não estejam disponíveis ou onde os homens sejam reticentes a usá-los.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sexualidade infantil - dialogando com os pais.

Somos seres sexualizados, e trazemos isto desde a infância. Passamos por estágios de aprimoramento para chegarmos à idade adulta com uma maturidade sexual e emocional. Para chegarmos a esta maturidade precisamos construir nosso papel e identidade sexual. E é na infância que este processo se inicia e vai se desenvolvendo ao longo da vida. Os jogos sexuais, brincadeiras e curiosidades são indispensáveis para a formação do eu sexual.
A criança se inicia sexualmente pela busca de prazer em seu corpo, passando pela curiosidade do corpo alheio, para então chegar na busca do prazer pelo corpo do outro junto ao seu, já na adolescência. É necessária a vivência destes jogos e descobertas para que a sua sexualidade vá se constituindo de forma satisfatória, e não estratificada de dúvidas quanto ao corpo, falta de prazer e repressões.
Masters e Johnson (1998) relatam que “Quando as crianças são apanhadas em brincadeiras sexuais, quer sozinhas ou com outras, a reação negativa dos pais pode ao mesmo tempo ser difícil de compreender, mas fácil de perceber. Do ponto de vista da criança, brincadeira é brincadeira, mas para os pais que descobrem a criança se masturbando ou envolvida em brincadeiras sexuais com outras, a palavra SEXO, em letras garrafais invade a cena”.
A idéia de que estão fazendo algo feio e errado pode ser introjetada pela criança, ultrapassando essa caracterização pela vida adulta, e assim, acarretando em conflitos de ordem sexual. Na nossa sociedade ainda encaramos sexo e sexualidade como tabus, algo a ser escondido e temido, pouco verbalizado.
Na criança, a principal fonte de intervenções e influências é a família. Esta, com suas crenças - cultura familiar já existente - atuará diretamente na construção de normas e valores para os novos membros que vão surgindo na família. Ou seja, os pais educarão seus filhos com influência na sua própria educação, experiências e aprendizado. Se a sexualidade para os pais não foi apreendida com naturalidade e erradicação de mitos, os filhos provavelmente herdarão uma sexualidade confusa e perseguida por fantasias.

As pessoas mais próximas às crianças deverão respondê-las sobre questionamentos no que concerne ao sexo e sexualidade de forma direta e clara, com o propósito de esclarecer as dúvidas. Este momento de diálogo propiciará confiança, fortalecimento do vínculo, e diminuição da ansiedade – as crianças fantasiam para dar conta de algo não explicitado, não compreensível, ou doloroso de entender. O diálogo sempre será o melhor método para a obtenção de uma sexualidade saudável, e assim um crescimento também saudável.
É importante que dentro da família haja um espaço para formulação de novos conceitos e esclarecimentos. Pais que não refletem sobre sexo devido às suas antigas influências, passarão aos filhos essa defasagem caso não se atualizem.

A criança é mostrada como aquela que não sabe e, sobretudo, como aquela que não tem direito a saber. Os adultos reservam a posição de poder e saber frente às crianças, permanecendo prisioneiros do seu saber; não renovam seus conhecimentos, e às vezes resistem à mudança. Caso os pais não tenham um conhecimento mais elaborado sobre sexo, eles podem buscar oportunidades de pesquisar, se informar, para assim, transmitirem com segurança aos seus filhos novas informações corretas – temos que desmistificar a idéia de que criança não tem direito ao saber.
Uma educação sexual adequada, envolvida de diálogo, respeitando as fases de descobrimento do corpo e da sexualidade infantil, criará um ambiente interno infantil mais seguro, com menos informações difusas, influências externas negativas e estereotipias comportamentais de feminino e masculino quanto ao sexo. Vamos cuidar da saúde sexual nos nossos futuros adultos!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Homossexualidade - Identificando mitos.


Hoje decidi escrever sobre esse tema devido às recentes buscas de orientações que têm chegado a mim acerca da homossexualidade. Primeiramente vamos destacar que homossexualidade não é uma questão basicamente de escolha. Seria deveras doloroso escolher ser homossexual e ter de passar por todo preconceito e exclusão que nossa sociedade impõe, simplesmente por querer ser homossexual. Isso foge da nossa escolha. Também não me interessa agora, e acredito que é de pouca valia para vocês leitores, entrar no maçante questionamente sobre como a homossexualidade acontece, "qual é o causador". É valido ressaltar que os manuais de transtornos mentais excluíram a homossexualidade, em suas atualizações, como um distúrbio psiquiátrico. Não é doença. Vamos propagar essa informação!

Pais desesperados, e filhos desorientados, ainda procuram os consultórios de psicólogos, sexólogos, com a fantasia que estes profissionais podem "reverter" o caso. Ou seja, ainda encaram a identidade homossexual como algo a ser extirpado. Não cabe a qualquer profissional entrar nessa alienada fantasia de cura. Nós psicólogos acolhemos o sofrimento psíquico do indivíduo e montamos uma parceria de trabalho baseado em reflexão e auxílio na estruturação do eu. Se o processo de descoberta da homossexualidade é conflituoso, o que geralmente acontece, a procura por acompanhamento psicológico tem a ajudar. Mas se há uma perspectiva de "cura", primariamente é necessário saber que nenhum profissional terá como atuar nesse sentido.

O estigma do homossexual como promíscuo, invasivo, desrespeitoso, incoveniente, reforça a imagem negativa da homossexualidade como uma inadequação psicossocial. O que precisamos nos preocupar urgentemente é com o preconceito, que destrói vidas e famílias. Precisamos urgentemente aprender a lidar com o diferente, respeitar as diferenças individuais, identificando as fronteiras individuais do outro, aprendendo a abandonar o voyerismo da curiosidade da vida alheia como ocupação central de nossas cabeças.

Sejamos livres e deixemos livres cada inidivíduo a viver sua sexualidade como quiser, como puder. Depois do recurso da negação da homossexualidade, seja como mecanismo defensivo dos pais, como dos filhos homossexuais, devemos procurar compreender o que de fato mudará em suas vidas, assumindo a condição homossexual, no que tange a sua subjetividade. Caráter, responsabilidade, respeito, compromisso com o mundo, com o social, nada disso muda...

Será que alguma coisa muda?