De acordo com a Organização Mundial da Saúde, "a sexualidade humana forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade não é sinônimo de coito e não se limita à presença ou não do orgasmo. Sexualidade é muito mais do que isso. É energia que motiva encontrar o amor, contato e intimidade, e se expressa na forma de sentir, nos movimentos das pessoas e como estas tocam e são tocadas. A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações, portanto, a saúde física e mental. Se saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual também deve ser considerada como direito humano básico. A saúde sexual é a integração dos aspectos sociais, somáticos, intelectuais e emocionais de maneira tal que influenciem positivamente a personalidade, a capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor".

sábado, 15 de agosto de 2009

Pesquisadores americanos desenvolvem camisinha feminina em gel

da BBC Brasil

Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma 'camisinha molecular' para mulheres em forma de gel para proteger contra a infecção pelo vírus HIV, causador da Aids.
Segundo os cientistas que participam do projeto, a camisinha em gel seria aplicada na vagina antes da relação sexual.
Ao entrar em contato com o esperma, o gel liberaria uma substância antiviral que atacaria o HIV e formaria uma rede que impediria a passagem do vírus.
Em um estudo publicado na revista científica "Advanced Functional Materials", os cientistas testaram o material em células vaginais humanas e comprovaram que ele bloqueia a passagem das partículas de HIV.
A equipe de pesquisadores vem trabalhando no desenvolvimento da camisinha feminina em gel há vários anos.
Segundo Patrick Kiser, que coordena a pesquisa, o gel seria particularmente útil para os países africanos, onde o uso de preservativos tradicionais é relativamente baixo.
Primeira versão
A equipe de pesquisadores havia desenvolvido em 2006 uma primeira versão do gel, que se transformava em uma capa gelatinosa ao entrar em contato com a pele e voltava ao estado líquido ao entrar em contato com o sêmen.
Porém o maior problema que encontraram para essa primeira versão era que na África, continente onde estão os países com os maiores índices de contaminação pelo HIV, as altas temperaturas impediam que o gel voltasse ao estado líquido.
Para corrigir isso, o que eles fizeram foi gerar um processo exatamente oposto: por meio de mudanças na composição química relacionadas ao Ph (o índice de acidez ou alcalinidade) do esperma, o novo gel fica mais sólido em vez de mais líquido.
"Nossa pesquisa não põe ênfase no remédio, mas sim no veículo usado para transportá-lo", afirma Kiser.
A equipe de cientistas estima que ainda serão necessários vários anos de testes para que o produto possa estar disponível para uso generalizado.
Tendência
O projeto da Universidade de Utah faz parte de uma tendência internacional de investigar e desenvolver sistemas de liberação de substâncias microbicidas como géis, anéis, esponjas e cremes para prevenir infecções pelo vírus da Aids ou por outras doenças sexualmente transmissíveis.
Esses sistemas são vistos como uma forma de que as mulheres tenham um maior poder de se proteger a si mesmas do HIV, particularmente em regiões onde o índice de contaminação seja alto, onde haja um grande número de estupros, onde os preservativos tradicionais sejam um tabu ou não estejam disponíveis ou onde os homens sejam reticentes a usá-los.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sexualidade infantil - dialogando com os pais.

Somos seres sexualizados, e trazemos isto desde a infância. Passamos por estágios de aprimoramento para chegarmos à idade adulta com uma maturidade sexual e emocional. Para chegarmos a esta maturidade precisamos construir nosso papel e identidade sexual. E é na infância que este processo se inicia e vai se desenvolvendo ao longo da vida. Os jogos sexuais, brincadeiras e curiosidades são indispensáveis para a formação do eu sexual.
A criança se inicia sexualmente pela busca de prazer em seu corpo, passando pela curiosidade do corpo alheio, para então chegar na busca do prazer pelo corpo do outro junto ao seu, já na adolescência. É necessária a vivência destes jogos e descobertas para que a sua sexualidade vá se constituindo de forma satisfatória, e não estratificada de dúvidas quanto ao corpo, falta de prazer e repressões.
Masters e Johnson (1998) relatam que “Quando as crianças são apanhadas em brincadeiras sexuais, quer sozinhas ou com outras, a reação negativa dos pais pode ao mesmo tempo ser difícil de compreender, mas fácil de perceber. Do ponto de vista da criança, brincadeira é brincadeira, mas para os pais que descobrem a criança se masturbando ou envolvida em brincadeiras sexuais com outras, a palavra SEXO, em letras garrafais invade a cena”.
A idéia de que estão fazendo algo feio e errado pode ser introjetada pela criança, ultrapassando essa caracterização pela vida adulta, e assim, acarretando em conflitos de ordem sexual. Na nossa sociedade ainda encaramos sexo e sexualidade como tabus, algo a ser escondido e temido, pouco verbalizado.
Na criança, a principal fonte de intervenções e influências é a família. Esta, com suas crenças - cultura familiar já existente - atuará diretamente na construção de normas e valores para os novos membros que vão surgindo na família. Ou seja, os pais educarão seus filhos com influência na sua própria educação, experiências e aprendizado. Se a sexualidade para os pais não foi apreendida com naturalidade e erradicação de mitos, os filhos provavelmente herdarão uma sexualidade confusa e perseguida por fantasias.

As pessoas mais próximas às crianças deverão respondê-las sobre questionamentos no que concerne ao sexo e sexualidade de forma direta e clara, com o propósito de esclarecer as dúvidas. Este momento de diálogo propiciará confiança, fortalecimento do vínculo, e diminuição da ansiedade – as crianças fantasiam para dar conta de algo não explicitado, não compreensível, ou doloroso de entender. O diálogo sempre será o melhor método para a obtenção de uma sexualidade saudável, e assim um crescimento também saudável.
É importante que dentro da família haja um espaço para formulação de novos conceitos e esclarecimentos. Pais que não refletem sobre sexo devido às suas antigas influências, passarão aos filhos essa defasagem caso não se atualizem.

A criança é mostrada como aquela que não sabe e, sobretudo, como aquela que não tem direito a saber. Os adultos reservam a posição de poder e saber frente às crianças, permanecendo prisioneiros do seu saber; não renovam seus conhecimentos, e às vezes resistem à mudança. Caso os pais não tenham um conhecimento mais elaborado sobre sexo, eles podem buscar oportunidades de pesquisar, se informar, para assim, transmitirem com segurança aos seus filhos novas informações corretas – temos que desmistificar a idéia de que criança não tem direito ao saber.
Uma educação sexual adequada, envolvida de diálogo, respeitando as fases de descobrimento do corpo e da sexualidade infantil, criará um ambiente interno infantil mais seguro, com menos informações difusas, influências externas negativas e estereotipias comportamentais de feminino e masculino quanto ao sexo. Vamos cuidar da saúde sexual nos nossos futuros adultos!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Homossexualidade - Identificando mitos.


Hoje decidi escrever sobre esse tema devido às recentes buscas de orientações que têm chegado a mim acerca da homossexualidade. Primeiramente vamos destacar que homossexualidade não é uma questão basicamente de escolha. Seria deveras doloroso escolher ser homossexual e ter de passar por todo preconceito e exclusão que nossa sociedade impõe, simplesmente por querer ser homossexual. Isso foge da nossa escolha. Também não me interessa agora, e acredito que é de pouca valia para vocês leitores, entrar no maçante questionamente sobre como a homossexualidade acontece, "qual é o causador". É valido ressaltar que os manuais de transtornos mentais excluíram a homossexualidade, em suas atualizações, como um distúrbio psiquiátrico. Não é doença. Vamos propagar essa informação!

Pais desesperados, e filhos desorientados, ainda procuram os consultórios de psicólogos, sexólogos, com a fantasia que estes profissionais podem "reverter" o caso. Ou seja, ainda encaram a identidade homossexual como algo a ser extirpado. Não cabe a qualquer profissional entrar nessa alienada fantasia de cura. Nós psicólogos acolhemos o sofrimento psíquico do indivíduo e montamos uma parceria de trabalho baseado em reflexão e auxílio na estruturação do eu. Se o processo de descoberta da homossexualidade é conflituoso, o que geralmente acontece, a procura por acompanhamento psicológico tem a ajudar. Mas se há uma perspectiva de "cura", primariamente é necessário saber que nenhum profissional terá como atuar nesse sentido.

O estigma do homossexual como promíscuo, invasivo, desrespeitoso, incoveniente, reforça a imagem negativa da homossexualidade como uma inadequação psicossocial. O que precisamos nos preocupar urgentemente é com o preconceito, que destrói vidas e famílias. Precisamos urgentemente aprender a lidar com o diferente, respeitar as diferenças individuais, identificando as fronteiras individuais do outro, aprendendo a abandonar o voyerismo da curiosidade da vida alheia como ocupação central de nossas cabeças.

Sejamos livres e deixemos livres cada inidivíduo a viver sua sexualidade como quiser, como puder. Depois do recurso da negação da homossexualidade, seja como mecanismo defensivo dos pais, como dos filhos homossexuais, devemos procurar compreender o que de fato mudará em suas vidas, assumindo a condição homossexual, no que tange a sua subjetividade. Caráter, responsabilidade, respeito, compromisso com o mundo, com o social, nada disso muda...

Será que alguma coisa muda?